Liderada por Bia Zaneratto e Formiga, #PresasNos80 reforça décadas de atraso da modalidade em relação ao futebol masculino

No início desta sexta-feira (30), às 5h da manhã (de Brasília), as meninas do Brasil entrarão em campo e contarão com o apoio da torcida do país inteiro para superarem o Canadá, pelas quartas de final das Olimpíadas de Tóquio. Mas, fora do glamour e da estrutura utilizada nos jogos, a realidade da modalidade está bem longe de ser a ideal. E para dar luz às décadas de atraso do futebol feminino, as jogadoras Bia Zaneratto e Formiga lançaram o manifesto #PresaNos80.

De acordo com as atletas, nos anos de 1980, 100 mil reais era o investimento médio em um único jogador de uma grande equipe brasileira. Ainda hoje, três décadas depois, o valor é capaz de cobrir os custos anuais de uma equipe inteira formada por meninas. Levados em consideração o salário médio dos grandes jogadores, um mês dos honorários de uma estrela é o suficiente para bancar a folha de pagamento de quase todo o Campeonato Brasileiro Feminino.

Para ilustrar o movimento, as jogadoras pousaram para fotos com objetos retrô, como máquinas fotográficas antigas e tocadores portáteis de fitas cassetes.

”Estamos presas no tempo, essa é a verdade. Quando falamos de condições de jogo, de investimento em comissão técnica, campos de treinamento, uniformes, etc. Precisamos mudar essa situação. Estamos muito longe da igualdade de gênero e precisamos diminuir essa diferença para que a modalidade atraia mais meninas querendo viver do esporte de uma forma justa”, explicou Bia Zaneratto.

O movimento de Bia e Formiga faz também um apelo para que a torcida apoie o esporte, já que as arquibancadas em jogos entre as mulheres no Brasil estão longe de ficarem cheias.

“Nossa ideia partiu de uma conversa franca com a Formiga. Ela começou a falar como era quando começou a jogar, bem antes de mim. Chegamos à conclusão de que muita coisa, ainda hoje, infelizmente, está igual aos anos 80. Nisso, incluímos a torcida, também! Queremos o apoio do público, para que possamos fazer jogos de casa cheia”, finalizou a centroavante brasileira.